Infelizmente, o meu feijãozinho abandonou-me e tornou-se na minha estrelinha mais brilhante que há no céu...
Na quinta-feira (10 de Dezembro) foi dos dias mais horriveis da minha vida (alias, ainda estão a ser...). A ecografia estava marcada para as 14.30, no entanto, recebi um sinal antes que alguma coisa não estava bem... umas 2horas antes fui ao wc e tinha um bocado de sangue vivo (uma quantidade pequena mas suficiente para me alarmar)... fui logo ter com a minha mãe e contei-lhe, ela disse pra eu me acalmar e que ia correr tudo bem! Alias, todos 'a minha volta diziam-me o mesmo, que nao era motivo para estar uma pilha de nervos e que tudo estava a correr bem na minha gravidez e que ia estar tudo bem... Assim que fui buscar o papá do feijaozinho ao trabalho para irmos pra' eco e olhei nos olhos dele, abracei-me a ele e desatei a chorar... sentia que qualquer coisa nao estava bem...
Quando fomos atendidos, expliquei logo ao médico o que se tinha passado e após algum tempo a realizar a ecografia e o médico a dar-nos a entender o pior com silêncio e suspiros, enquanto nós viamos o nosso bebé no ecrã... disse-nos que infelizmente não tinha boas novidades... o nosso bebé não tinha mobilidade, circulação e batimentos cardíacos... tinha parado de evoluir nas 8 semanas de gravidez, apesar de tudo o resto ter continuado a evoluir... nomeadamente o saco amniótico que já era de 13 semanas... o meu mundo desabou ali! O doutor encaminhou-me para o hospital com o relatório da ecografia de forma a provocarem-me o aborto... confesso que não tive forças para o fazer nesse dia e vim pra casa tentar descansar... algo que tornou-se impossivel desde que soube a noticia... praticamente nao consigo dormir e no pouco tempo que durmo, tenho pesadelos atrás de pesadelos...
No dia a seguir, dirigi-me ao serviço de urgência obstétrica e ainda tive que esperar uma serie de tempo antes de ser atendida... a ser torturada com a companhia de grávidas com barrigas enormes, com as malinhas prontas e super felizes por ter chegado a hora de elas conhecerem os seus bebés... e eu a saber que nunca iria conhecer o meu!
Após terem chamado o meu nome, fui examinada por dois médicos de forma a perceberem se tinha ficado com alguma infecção no útero devido ao bebé já não estar vivo há 5 semanas... felizmente, aparentemente comigo está tudo bem! A médica disse-me que o meu caso iria ser acompanhado por um especialista no hospital e marcou-me uma consulta para dia 16 de Dezembro. Até lá, iriam esperar que abortasse naturalmente... Vim pra casa de rastos, com a vontade de adormecer e nunca mais acordar... a barriga enorme, alguns enjoos ainda a existirem, com o bebé dentro de mim mas a saber que ele nao estava vivo e que iria sair mais cedo ou mais tarde... nao demorou muito a começar o inicio da expulsão que ainda se prolonga... perdas do liquido amniotico, perdas de sangue, dores imensas,... sei que tenho que seguir para a frente e levantar a cabeça mas como, quando ainda estou a passar por este processo todo?? Não chega já o desgosto que tive, ainda tenho que passar por este sofrimento todo... Claro que começam logo a surgir aquelas perguntas sem resposta... porquê eu? tive tantos cuidados... tantas mulheres que nao querem engravidar e abortam... e eu que sempre fui contra o aborto e queria tanto um filho... alguém fez uma comparação destas uma vez e tem todo o sentido: "e' como ter ganho o euromilhoes e dps ver que afinal nao tinha ganho"...
Entretanto, já era para vos ter vindo contar que já tenho o carrinho, o ovinho, a banheira, a alcofa...enfim, imensas coisas oferecidas por um grande amigo nosso, que ficarão guardadas para o próximo feijãozinho que se Deus quiser há-de vir em breve!
Minha estrelinha, infelizmente não nos conhecemos mas peço-te por tudo que olhes pela minha próxima gravidez... não sei se aguento outro desgosto destes!
Resta-me agora agradecer a todos os médicos que me atenderam e que foram super humanos comigo, a todas as pessoas que me têm vindo visitar, apoiado e dado palavras de força e que são tão importantes nesta altura... e, acima de tudo, à minha mãe e ao meu namorado que têm-me dado um apoio incondicional e têm estado sempre ao meu lado!
